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Capítulo 1

Updated: Mar 5, 2023

Eu nasci no ano de1979 na cidade de Tamarana, PR. em uma família muito bagunçada, meu pai era aquele tipo de homem com varias mulheres, cantava na noite, vivia uma vida sem responsabilidades, ele se achava o garanhão, acho que minha mãe era a segunda esposa e pelo o visto não seria a última.


Amante de uma boa farra logo deixou minha mãe com três filhos pequenos, minha mãe, o que posso dizer sobre ela? Não me lembro muito dela, mas sei que ela era uma menina de apenas 15 anos quando deu à luz a sua primeira filha. Sem qualquer apoio familiar ela teve que tomar a pior decisão da vida, e foi aí que minha jornada fora de casa começou.


Minha mãe trabalhava como empregada doméstica em uma cidade vizinha e nos deixava na casa de uma amiga onde morávamos de favor, mas quem quer hospedar uma mulher com três filhos por muito tempo? Certo?

Então, eles disseram a ela que o melhor a fazer seria “dar as crianças para adoção”.


Eu imagino que isso tenha sido atormentador para minha mãe, o pensamento de que não pode cuidar dos filhos é um sentimento que devasta qualquer mãe, abrir mão de um filho é como arrancar fora um pedaço do próprio coração!

Certo dia quando minha irmã e eu estávamos brincando no quintal apareceu uma mulher muito bonita e elegante chamando no portão “ô de casa, ô de casa’’, eu fui correndo atendê-la, eu era muito receptiva, mas eles me chamavam de “criança muito pra frente``.

Sem saber naquele dia eu estava conhecendo minha futura nova mãe.


Quando conheci minha mãe adotiva, eu não tinha a menor ideia da palavra decisão, mas sim! ela perguntou,''você quer morar comigo?'' Eu não tinha muita noção do peso da decisão nem do que estava acontecendo, o que eu sabia era que estava com fome e procurando ajuda aqui e ali, então negociei meu passe. Eu disse “ irei se você me comprar uma bicicleta e uma calças” eu sei, eu sei o que você está pensando, "que diabos ela estava pensando"? Sinceramente? Não sei! Provavelmente a bicicleta fazia parte de um plano mirabolante de fuga caso algo desse errado, e você tem que admitir que fugir sem bicicleta usando o vestido amarelo que me vestiam todos os domingo para ir a missa não seria um plano muito inteligente.

A decisão final claro, que não era minha.


E lá estava minha mãe, minha futura mãe e meu adorável e irresponsável pai decidindo minha vida.

Minha mãe não se sentia no direito de tomar essa decisão sozinha, ou talvez estivesse procurando por um milagre, uma luz no fim do túnel, sei lá, algo que a impedisse de me deixar ir.

A decisão de meu pai foi rápida e simples.,“Você pode levar as meninas, mas o menino, só sobre o meu cadáver”.

A resposta de meu pai me assombrou por mais de 30 anos, e eu o odiando por isso, quando criança eu jurava reencontrá-lo para vingar me de alguma forma por me abandonar, eu cresci com essa pergunta entalada em minha garganta, o que há de tão errado em ser uma menina?


Bem, o plano de vingança não era tão terrível assim, o plano era, vou crescer bem linda, ficar rica, comprar uma camionete, chegar na frente dele e dar um soco na cara dele e dizer, "Eu sou a menina que você rejeitou” ,um pouquinho violento o plano admito.

Hoje quando me lembro eu consigo rir, bonita eu me acho, camionete eu tenho, hoje o meu significado de riqueza é outro, e não planejo socar a cara de mais ninguém, sinto vontade as vezes mas logo passa..

Não pude despedir-me de minha mãe, foi como se tivesse perdido minha voz.


Saí com a Tereza naquele dia deixando para trás naquela pequena cidade onde nasci,

minha mãe, meu irmão e minha irmã.


Por coincidência minha mãe adotiva tem o mesmo nome de minha mãe biológica, Tereza, ironia do destino? Ou mera coincidência? Acho que nunca saberei!


Então lá estava eu em um ambiente totalmente desconhecido entre estranhos no ônibus que ia para a cidade Santa Isabel do Ivai, rumo à um novo capitulo..


Tereza me pareceu uma pessoa legal, uma mulher feliz falando muito sobre como seria minha nova vida na fazenda e o pai maravilhoso que eu estava prestes a conhecer.


Depois de horas chegamos, em minha nova casa, com minha nova mãe e finalmente conhecendo meu novo pai.


O estranho de recordar esse momento e que me leva a pensar, como criança não tem muitas preocupações, só quer ser amada, não me lembro de chorar querendo volta pra casa, eu me lembro que o sentimento que estava dentro de mim era como se estivesse verdadeiramente encontrando minha família de verdade, e a ansiedade em ver meu pai pela primeira vez chega ser algo mágico que vive até hoje dentro de mim.

Ele veio ao nosso encontro ainda na estrada. Oh Deus, eu ainda posso me lembrar daquele momento como se fosse hoje.

Esse foi um dos momentos mais mágicos da minha vida!


Como um pai esperando seu bebê há 9 meses, ele me pegou nos braços como se eu tivesse acabado de nascer, acredite foi exatamente assim! Ele definitivamente me gerou em seu coração quando Tereza o chamou dizendo, eu encontrei nossa filha., e ali nos braços dele, pela primeira vez, eu me senti segura e em casa.

Minha vida naqueles dias eram bem divertidos e cheios de amor , eles eram os melhores pais que uma criança poderia ter, nós fazíamos muitas coisas juntos na fazenda, na cidade, quando saímos às compras, eles compravam muitos brinquedos e roupas para mim.

Também ganhei um irmão mais velho, Mauro, ele e a expansão do amor do nosso pai, fazia todos os meus gostos, como nunca entrar de sapatos em casa porque eu não gostava e ficava irritadinha caso ele fizesse, me lembro o dia que ele soterrou minha galinha que estava chocando no celeiro e ele nao viu e descarregou uma carreta de milho em cima da bichinha, ele juntou com os amigos para resgatá-la e para a nossa surpresa ela estava viva, imagino o medo que ele sentiu de ter matado a minha galinha naquele dia tadinho.

Uma criança de quatro anos não tem uma real noção do mundo ao seu redor então o meu mundo era perfeito.




TERESA E PEDRO.


Deixe-me falar um pouco sobre esse casal apaixonado Tereza e Pedro.

O pai de Teresa abandonou a esposa com dois filhos pequenos, Teresa era a filha mais velha do casal, um tempo depois quando ela tinha apenas 11 anos, sua mãe morreu deixando-a com seu irmão mais novo sem nenhum amparo., a ouvi contar essa história inúmeras vezes do quão desesperador era para ela ficar de casa em casa pela vizinhança, uma dessas famílias adotaram seu irmão por ser ainda bem pequeno, mas ela com 11 anos não despertou nenhum interesse de adoção, pelo que ela falava eles a via como uma moça formada e que poderia se virar sozinha, bem então ela se virou como pode, ela foi trabalhar em um prostíbulo, e foi a casa dela por muitos anos.

Ela era uma garota muito esperta, sonhadora , seu maior sonho era ser mãe, ela queria muito formar uma família, mas a realidade dela era outra, até que um dia a vida deu um empurrãozinho.

Certo dia ela se viu de frente a seu príncipe montado em seu cavalo, bom eu não sei se o cavalo era branco, mas era o 4x4 dele, Pedro trabalhava em uma fazenda vizinha e para ir a cidade ele ia a cavalo, e nesse dia ele resolveu dar uma paradinha no famoso lugar onde tinha umas moças bonitas de tirar o fôlego.

Teresa já tinha 25 anos, eh! Ela já tinha passado muitos anos naquele lugar, e já tinha vivido o bastante para uma jovem de 25 anos.

Pedro estava com o coração partido, recém divorciado ele foi para aquela cidade para recomeçar., Pedro se apaixonou por Teresa e estava decidido a tê -la como esposa

Eles se casaram e foram morar na fazenda onde Pedro trabalhava.

Depois de um tempo ela descobriu que não podia ter filhos, e esse era o seu maior sonho, embora Pedro já tivesse 5 filhos do seu primeiro casamento ele queria viver esse sonho junto com ela, então eles decidiram que iriam adotar.


Uma vez por ano Teresa visitava seu irmão, e foi em uma dessas viagens que ela ouviu falar de uma jovem mãe com 3 filhos e que talvez ela poderia adotar uma delas.,

Bom esse encontro você já sabe como foi .


Teresa sofria com o alcoolismo, ela ficava bem violenta quando estava bêbada, ficava mesmo possessa a ponto de ter que imobilizá-la,a situação entre os dois já estava tomando rumos perigosos.

Pedro já não conseguia manter essa situação longe dos meus olhos e certo dia Teresa estava muito bêbada, agressiva, estava me assustando muito com aquele comportamento, Pedro tentava acalma-la, no meio da confusão ela pegou um martelo e veio na minga direção para me acertar, mas ele conseguiu impedir, nessa noite quando as coisas se acalmaram Pedro decidiu que seria impossível continuar com Teresa.


O amor entre eles era visível, mas ele estava com medo de que algo pior acontecesse, e decidiu que iria procurar emprego em outra cidade e voltar para me buscar.


Com todos os desafios que Teresa teve que enfrentar para sobreviver, ela aprendeu a empurrar os sentimentos para o fundo do coração e seguir em frente,

as armas infalíveis que possuía eram, a beleza e o carisma, enquanto Pedro trabalhava em seu plano para me resgatar de suas mãos perigosas, Tereza jogava seu charme sobre Rubens que acabara de conhecer, Rubens estava de passagem a caminho de um acampamento de colheita de algodão, encantado com Teresa pediu que ela fosse com ele.

Desta vez ninguém perguntou o que eu queria, acho que minha opinião não importava mais.

Quando Pedro retornou para me buscar era tarde demais.



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